REPARAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS INCISIONAIS EM COELHOS APÓS TRATAMENTO COM BARBATIMÃO E QUITOSANA
28 de dezembro de 2018
28 de dezembro de 2018
Na clínica médica veterinária as injúrias cutâneas representam casuística significativa e cursam com terapias dispendiosas, tempo de recuperação considerável e resolução muitas vezes desfavorável. Para instituir um protocolo terapêutico eficaz é imprescindível que o profissional tenha conhecimento sólido da dinâmica cicatricial, como suas fases, eventos desencadeados, particularidades, bem como acerca do potencial biológico dos coadjuvantes do processo cicatricial. Quanto a estes últimos, sabe-se que a fitoterapia possui um leque variado de espécimes botânicos com potencial na cicatrização e dentre estes o barbatimão, espécie nativa do cerrado brasileiro, por suas atividades, anti- séptica e adstringente, torna-se opção atraente quanto às terapias das injúrias cutâneas. O biomaterial quitosana também possui potencial como coadjuvante do processo, visto que por sua propriedade imunomoduladora acelera o desencadeamento das fases da cicatrização. Para esclarecer o mecanismo proposto por estes agentes, inúmeros ensaios são desenvolvidos, utilizando animais de laboratório, a fim de conferirem confiabilidade à modalidade terapêutica instituída. Para acompanhar a evolução clínica in vivo, o exame clínico torna-se essencial, enquanto que as análises morfométricas conferem dados precisos quanto ao percentual de contração centrípeta das lesões. Por último as análises microscópicas são empregadas para analisar a ultra-estrutura do sítio lesionado, tipos celulares predominantes em cada fase e eventos microscópicos desencadeados na busca do restabelecimento morfofuncional do tecido acometido. Diante do exposto, com o desenvolvimento desse estudo objetivou-se avaliar a atividade de formulações terapêuticas a base de creme de barbatimão a 5% (CB) e creme e quitosana a 5% (CQ) frente ao processo de cicatrização de feridas cutâneas incisionais submetidas à cicatrização por segunda intenção, tendo o coelho com o modelo experimental. No primeiro capítulo efetuou-se revisão de literatura ampla e detalhada do tema do estudo que envolveu descrição do tecido alvo, pele, fisiopatologia do processo cicatricial, atividade do fitoterápico barbatimão e do biomaterial quitosana como coadjuvantes da cicatrização, emprego de animais de laboratório em pesquisas científicas e métodos de avaliação das terapias cutâneas. No segundo capítulo, testou-se a atividade terapêutica dos CB e CQ na cicatrização de feridas cutâneas incisionais, por meio da avaliação clínica efetuada diariamente e morfométrica nos dias três, sete, 14 e 21 pós-lesão. Foram realizadas quatro feridas em cada animal, totalizando 40 coelhos. Diariamente, todas as lesões de cada animal receberam uma terapia tópica específica, que se estendeu durante 21 dias consecutivos. Primeiramente, realizava-se a antissepsia com solução de cloreto de sódio a 0,9% e na sequência aplicavam-se os protocolos terapêuticos propriamente ditos. Em um dos protocolos empregou-se creme de barbatimão (CQ), em outro creme de quitosana (CQ), sendo estas as formulações testes. No terceiro protocolo fez uso do creme de alantoína (controle positivo) e por ultimo o creme base (controle negativo I). Em outra lesão efetuou-se apenas antissepsia sem terapia tópica associada com solução de cloreto de sódio a 0,9% (controle negativo II). Os resultados apontaram que os CB e o CQ contribuíram para que o processo de cicatrização evoluísse satisfatoriamente. Embora não tenham ocorrido diferenças estatísticas no percentual de contração entre os dois tratamentos (CB e CQ), clinicamente, notou- se que as feridas tratadas com CB apresentaram respostas clínicas superiores ao CQ. No terceiro capítulo efetuou-se comparativamente, por meio da avaliação clínica e microscópica, a ação dos CQ e CB nas feridas dos mesmos animais submetidas aos tratamentos do capítulo dois. Para as análises histológicas foram considerados os períodos pré-definidos para morfometria e as amostras foram avaliadas quanto à predominância de infiltrado polimorfo e mononuclear, presença de crosta-necrose, tecido de granulação, fibroplasia, angiogênese, colagenização e reepitelização cutânea. A partir dos resultados obtidos pode-se afirmar que as atividades implicadas ao barbatimão e a quitosana contribuíram de forma semelhante para que o processo de cicatrização evoluísse satisfatoriamente, visto que os dois tratamentos não diferiram significativamente para nenhum parâmetro considerado neste estudo. Sugere-se que os protocolos terapêuticos à base de barbatimão e quitosana proporcionaram redução da inflamação aguda, bem como promoveram ativação fibroblástica, desenvolvimento precoce de tecido conjuntivo, neovascularização e reepitelização tecidual, conferindo alternativas comprovadamente eficazes e economicamente viáveis em relação ao processo de cicatrização.